» Limbo «
Eu segui minha vida ignorando o mofo que crescia ao meu redor, em minhas roupas, meus livros, meu coração, minha histrória, se fortalecendo a cada estação que passou sem que eu notasse através do vidro da janela do meu quarto fechada para mim mesmo e ainda assim acredito ter sobrevivido mesmo sendo difícil ou frustrante notar que minha respiração mantém-se ritmada como as batidos do meu coração e o sangue continua a correr pelas minhas veias, mas meu cérebro já não é capaz de armazenar o tempo que passou pois a certeza de que você não voltará está prestes a consumir minha essência existencial e eu começo e eu começo a buscar quase que freneticamente uma finalidade para este sentimento alojado discretamente no lado esquerdo do meu peito. Talvez surja alguém que me entretenha por um determinado espaço de tempo ou que seja capaz de me ensinar a esquecer você, me afastando assim destes fantasmas do passado, mas só talvez. Não resta esperanças para alguém como eu, nunca deveria ter permitido me apaixonar ou ter dado tamanha liberdade para este sentimento, não sei qual foi meu erro e seja lá qual tenha sido não foi minha culpa, afinal, como eu saberia?
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Até mesmo a dor já me abandonou, nem isto pude guardar como recordação daqueles tempos agora antigos. Talvez eu até tenha te esquecido e estou exausto demais para perceber que acabou. Exaustão é algo difícil de curar, não passa com o tempo... Ou passa? Às vezes, pareço compreender cada detalhe da minha existência encontrando justificativas para erros inexplicáveis outrora, como agora, me sinto ignorante e me desfaço de mim mesmo com a facilidade de quem inicia uma roleta russa consigo mesmo. Vazio! Acho que esta é a definição que estou procurando para minha vida, todo dia é como um novo velório onde o morto sou eu, mas ninguém sequer enxerga a ausência de vida em meus olhos e minhas já estão desgastadas de um uso constante não recordado ou demasiado desuso. Acredito ter me acostumado a tal cenário, pois, tudo me parece comum e a espera deixou de existir para ser substituída por nada assim como o amor, a dor, a compaixão e até mesmo a indiferença. Que absurdo, até a indiferença me foi tirada e ainda assim não vejo diferença em nada. Estou bem, apenas vazio, não incompleto... Vazio. Será que até mesmo minha alma partiu ao término daquela festa? Incertezas ainda perambulam por aqui, eu acho, não as tenho visto com frequência. Talvez tenham partido com os pesadelos camuflados de doces sonhos ou com a ansiedade que me possuía cada vez que o telefone tocava ou o cachorro latia. Já não lembro se lutei ou me escondi, se falei e retruquei ou me calei e ouvi... Espere... Eu acho que... NÃO!... Mas faz sentido... Realmente... Eu acho que morri e não percebi...
2 concepções:
Que absurdo, até a indiferença me foi tirada e ainda assim não vejo diferença em nada.
amigo, acho que vou morrer contigo, hahahaha... (se o primeiro período do primeiro texto durasse um pouco mais eu acho que ia sufocar aqui mesmo)
abraços
Hahahahahahaha!
Prepare-se para morrer comigo, então. Porque eu pretendo me aprofundar mais ainda no assunto.
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