» Anatomia do coração «
Se fosse possível, eu gostaria de colocar em uma mesa cirúrgica meu coração e abri-lo para analisar à olho nu o que, de fato, se passa ali dentro talvez assim eu pudesse entender melhor inúmeros sentimentos complexos e decisões questionáveis. Mesmo que a certeza do sucesso seja incerta, eu optaria pela anatomia deste coração silenciado pela voz do amor, afinal, uma explicação qualquer ainda que mínima seria melhor que o eco existente aqui dentro acompanhado do silêncio frustrante de um pós-amor já antigo. Então, dentro do campo racional, será que alguém pode me responder por quanto tempo é possível culpar o passado pelo presente vácuo?
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Não me resta dúvidas que ninguém se iguala ao personagem, por assim dizer, que por um curto período permaneceu perante a mim ou que nenhuma experiência vivida ou oferecida foi capaz de proporcionar tudo o que me foi ofertado ao seu lado. Isso, obviamente, se eu parar para analisar somente o espaço de tempo entre o passado e o presente momento, nada mais. Não desmereço ou menosprezo tudo isso, apenas favoreço uma sinceridade realista extremista. Assim como não culpo, nem julgo ninguém ou a mim mesmo pela incapacidade de reviver o que petrificado está.
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Sigo adiante, ainda que por vários momentos sinta meus pés fundidos ao chão que os sustenta, mesmo quando os caminhos aparentam me levar ao reencontro do meu ponto de partida fazendo parecer vã uma viagem significativa para mim. Até quando o coração discorda da razão ocasionando em mais uma fase de confusão é necessário encontrar sanidade para levantar os olhos e enxergar o caminho. Tornou-se inevitável carregar tamanho peso no peito e mais ainda tentar fugir, portanto, quando o pulsar demonstra-se mais rápido que o pensar, eu me permito afundar um pouco mais nesta confusão. Sempre na esperança de um dia relembrar como emergir...
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• Texto de 28 de novembro de 2009 •
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